Momento histórico
Outras manifestações artísticas
ºNa música erudita, o nome representativo foi o de Alberto Nepomuceno, de composições de “intenção nacionalista”.
ºNa pintura, tendo como principal foco a Escola Nacional de Belas-Artes, no Rio de Janeiro, vigorava o academicismo, passando despercebida a exposição feita em 1913 pelo russo Lasar Segall. Apenas em 1917 uma forte reação à exposição de Anita Malfatti expõe o confronto que redundaria na Semana de Arte Moderna de 1922.
Pré-Modernismo - Conceito
Características
"Quanto mais incompreensível é ela (a linguagem), mais admirado é o escritor que a escreve, por todos que não lhe entenderam o escrito"
º Um traço conservador
A permanência de características realistas/naturalistas, na prosa, e a permanência de um poesia de caráter ainda parnasiano ou simbolista.
ºUm traço renovador
Esse traço renovador — como ocorreu na música — revela-se no interesse com que os novos escritores analisaram a realidade brasileira de sua época: a literatura incorpora as tensões sociais do período. O regionalismo — nascido do Romantismo — persiste nesse momento literário, mas com características diversas daquelas que o animaram durante o Romantismo. Agora o escritor não deseja mais idealizar uma realidade, mas denunciar os desequilíbrios dessa realidade. Esse tom de denúncia é a inovação nessa tentativa de "pintar" um retrato do Brasil. Além disso, dois dos mais importantes escritores da época — Lima Barreto e Monteiro Lobato — deixaram claro sua intenção de escrever numa linguagem mais simples, que se aproximasse do coloquial.
Outras Características
A) ruptura com o passado - por meio de linguagem chocante, com vocabulário que exprime a “frialdade inorgânica da terra”.
B) inconformismo diante da realidade brasileira - mediante um temário diferente daquele usado pelo romantismo e pelo parnasianismo : caboclo, subúrbio, miséria...
C) interesse pelos usos e costumes do interior - regionalismo, com registro da fala rural.
D) destaque à psicologia do brasileiro - retratando sua preguiça, por exemplo nas mais diferentes regiões do Brasil.
E) acentuado nacionalismo - exemplo: Policarpo Quaresma.
F) preferência por assuntos históricos.
G) descrição e caracterização de personagens típicos - com o intuito de retratar a realidade política, e econômica e social de nossa terra.
H) Preferência pelo contraste físico, social e moral.
I) sincretismo estético - Neo-Realismo, Neoparnasianismo, Neo-Simbolismo.
J) emprego de uma linguagem mais simples e coloquial - com o objetivo de combater o rebuscamento e o pedantismo de alguns literatos.A denúncia da realidade brasileira, negando o Brasil literário herdado do Romantismo e do Parnasianismo; o Brasil não-oficial do sertão nordestino, dos caboclos interioranos, dos subúrbios, é o grande tema do Pré-Modernismo.
- O Norte e o Nordeste com Euclides da Cunha;
- O Vale do Paraíba e o interior paulista com Monteiro Lobato;
- O Espírito Santo com Graça Aranha;
Os tipos humanos marginalizados:
o sertanejo nordestino, o caipira, os funcionários públicos, os mulatos.
São exemplos:
Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto
(retrata o governo de Floriano e a Revolta da Armada),
Os sertões, de Euclides da Cunha
Cidades mortas, de Monteiro Lobato
(mostra a passagem do café pelo vale do Paraíba paulista),
-Em Triste fim de Policarpo Quaresma, romance mais importante de Lima Barreto, o escritor denunciou a burocracia no processo político brasileiro, o preconceito de cor e de classe e incorporou fatos ocorridos durante o governo do Marechal Floriano.
Principais autores:
Na poesia: Augusto dos Anjos, Rodrigues de Abreu, Juó Bananére, etc..
AUTORES E SUAS OBRAS
Euclides da Cunha, com Os Sertões, onde aborda de forma jornalística a Guerra de Canudos; a obra, dividida em três partes (A Terra, O Homem e A Luta), procura retratar um dos maiores conflitos do Brasil.
O sertão baiano, onde se deram as lutas, era um ambiente praticamente desconhecido dos grandes centros, e as lutas marcaram a vida nacional: o termo favela, que tornou-se comum depois, designava um arbusto típico da caatinga, e dava nome a um morro em Canudos.
Graça Aranha, com Canaã, retrata a imigração alemã para o Brasil.
Lima Barreto, que faz uma crítica da sociedade urbana da época, com Triste Fim de Policarpo Quaresma e Recordações do Escrivão Isaías Caminha;
Monteiro Lobato, com Urupês e Cidades Mortas, retrata o homem simples do campo numa região de decadência econômica; Ele também foi um dos primeiros autores de literatura infantil, desse modo, transmitindo ao público infantil valores morais, conhecimentos sobre o Brasil, tradições, nossa língua. Destáca-se no gênero conto. E foi, também, um dos escritores brasileiros de maiores prestígios.
Valdomiro Silveira, com Os Caboclos, e Simões Lopes Neto, com Lendas do Sul e Contos Gauchescos, precursores do regionalismo, retratam a realidade do sul brasileiro.
Augusto dos Anjos que, segundo alguns autores, trazia elementos pré-modernos., embora no aspecto linguístico tenda para o realismo-naturalismo, em seus Eu e Outras Poesias.
Augusto dos Anjos (1884/1914)
Foi o primeiro escritor brasileiro a diagnosticar o subdesenvolvimento do país, diagnosticando os 2 Brasis (litoral e sertão).
Os Sertões (1902)
Canudos: Diáro de uma Expedição (1939)
Graça Aranha (1866/1931)
"Milkau estava sereno no alto da montanha. Descobrira a cabeça de um louro de ninfa, e sobre ela, e na barba revolta, a luz do sol batia, numa fulguração de resplendor. Era um varão forte, com uma pele rósea e branda de mulher, e cujos poderosos olhos, da cor do infinito, absorviam, recolhiam docemente a visão segura do que iam passando. A mocidade ainda persistia em não o abandonar; mas na harmonia das linhas tranqüilas do seu rosto já repousava a calma da madureza que ia chegando."
"Tudo o que vês, todos os sacrifícios, todas as agonias, todas as revoltas, todos os martírios são formas errantes de Liberdade. E essas expressões desesperadas, angustiosas, passam no curso dos tempos, morrem passageiramente, esperando a hora da ressurreição... Eu não sei se tudo o que é vida tem um ritmo eterno, indestrutível, ou se é informe e transitório... Os meus olhos não atingem os limites inabordáveis do Infinito, a minha visão se confina em volta de ti [...] Eu te suplico, a ti e à tua ainda inumerável geração, abandonemos os nossos ódios destruidores, reconciliemo-nos antes de chegar ao instante da Morte..."
Obras principais:
Estética da Vida (1921/ensaio)
Lima Barreto (1881/1922)
Em todos os seus romances, percebe-se traço autobiográfico, principalmente através de personagens negros ou mestiços que sofrem preconceitos.Mostra um perfeito retrato do subúrbio carioca, criticando a miséria das favelas e dos cortiços. Posiciona-se contra o nacionalismo ufanista, a educação recebida pelas mulheres, voltada para o casamento, e a República com seu exagerado militarismo. Utiliza-se da alta sociedade para desmacará-la, desmitificá-la em sua banalidade.Seus personagens são humildes funcionários públicos, alcoólatras e miseráveis.. Sua linguagem é jornalística e até panfletária.
Triste Fim de Policarpo Quaresma é a obra que lhe garante notoriedade.
Romance:
Recordações do Escrivão Isaías Camnha
(tematiza preconceito racial e crítica ao jornalismo carioca - 1909)
Triste Fim de Policarpo Quaresma
(inicialmente publicado em folhetins - 1915)
Numa e Ninfa (1915)
Vida e Morte de M. J. Gonzaga e Sá (1919)
Clara dos Anjos (1948)
Sátira Política e Literária:
Os Bruzundangas (1923)
Coisas do Reino do Jambon (1956)
Crônicas sobre Folclore Urbano:
Matginália (1956)
Vida Urbana (1956)
Memórias:
Diário Íntimo (1956)
Cemitério dos Vivos (1956)
Monteiro Lobato (1882/1948)
Controvertido, ativo e participante, Lobato defende a modernização do Brasil nos moldes capitalistas. Faz uma crítica fecunda ao Brasil rural e pouco desenvolvido, como no Jeca Tatu (estereótipo do caboclo abandonado pelas autoridades governamentais) do livro Urupês.
Obras principais:
Urupês (1919)
Cidades Mortas (1919)
Histórias Infantis:
Histórias do Mundo para Crianças
Memórias de Emília
Peter Pan
Serões de Dona Benta
D. Quixote para as
Histórias de Tia Nastácia
O Pica-pau Amarelo
Simões Lopes Neto (1865-1916)
"E do trotar sobre tantíssimos rumos; das pousadas pelas estâncias dos fogões a que se aqueceu; dos ranchos em que cantou, dos povoados que atravessou; das coisas que ele compreendia e das que eram-lhe vedadas ai singelo entendimento; do pêlo-a-pêlo com os homens, das erosões, da morte e das eclosões da vida, entre o Blau - moço, militar - e o Blau - velho, paisano -, ficou estendida uma longa estrada semeada de recordações - casos, dizia -, que de vez em quando o vaqueano recontava, como quem estende no sol, para arejar, roupas guardadas ao fundo de uma arca."
Contos Gauchescos
"Foi assim e foi por isso que os homens, que quando pela primeira vez viram a boiguaçu tão demudada, não a conheceram mais. Não conheceram e julgando que era outra, chamam-na desde então de boitatá, cobra de fogo, boitatá, a boitatá!" Lendas do Sul
Findava aqui o calhamaço de que a princípio se falou, quando disse que recebi em certa hora de pleno dezembro, por véspera de Natal, quando eu estava, desesperado, a abanar mosquitos (...) Apenas ao canto da página, a lápis, havia uns dizeres que custei a decifrar, e que eram estes: o 2o. Volume será o dos 'Sonhos do Romualdo'"
Casos do RomualdoOutros autores:
Figuram como escritores desse período, embora guardem no estilo mais elementos das escolas precedentes, autores como Afonso Arinos, Alcides Maya e Coelho Neto. Este último, ao lado de Afrânio Peixoto, tendia a uma visão da literatura como simples ornato social e cultural.
Raul de Leoni pode ser, também, tido como pré-modernista, mas o seu Luz Mediterrânea tende ao Simbolismo
Conclusão:
Portanto o início de século XX foi marcado por várias invenções e descobertas que influenciaram toda a humanidade.O Brasil vivia sob o regime da chamada República do Café com Leite e foi uma época marcada por revoltas e conflitos sociais: Revolta da Armada, Revolta de Canudos, Cangaço, Revolta da Vacina, Revolta da Chibata, Guerra do Contestado.
Apesar disso, surgiram também várias manifestações artísticas tanto na música, na pintura e na literatura.
Vários escritores brasileiros que surgiram nessa época adotaram uma postura mais crítica diante dos problemas sociais.Através de seus escritos, Euclides da Cunha, Monteiro Lobato, Graça Aranha e Lima Barreto (principais autores desta época) investigaram e questionaram a realidade brasileira.
Ajudou no meu seminario, obgd
ResponderExcluirMuito bom e didático, ajudou bastante para meu conhecimento. Obrigado!
ResponderExcluir